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Por Michel Cutait*
Existe um
assunto que gera muita controvérsia no mercado de Shopping Centers, que é o
CRD, ou o Coeficiente de Rateio de Despesas.
Esse
conceito é extremamente importante para qualquer empreendedor e administrador de
Shopping Center, como também para os lojistas ou locatários, e sua
compreensão traz à tona diversos aspectos que interferem diretamente sobre a
gestão do empreendimento, sobretudo quanto à matéria financeira.
O CRD é
uma fórmula matemática, um coeficiente fracionado, proporcional e numérico que
representa uma quota, uma parte de um todo representado pela base de cálculo
comum a todos os condôminos que é a despesa comum do empreendimento, ou mais precisamente do condomínio.
Os
lojistas ou locatários, quando têm um contrato de locação válido e vigente,
são considerados, para todos os efeitos, como se condôminos fossem, porém,
somente quanto à posse das áreas ou espaços que ocupam, que, segundo a sistemática
condominial devem ser identificados ou individualizados.
Assim, o
CRD é a parte ideal ou fração que aquela determinada e especifica área ou espaço representa em relação à totalidade do imóvel, e, portanto, serve para
individualizar, nas devidas proporções, o rateio das despesas comuns do
empreendimento.
A rigor,
na letra da lei, o rateio das despesas do condomínio deveria ser fixado em
conformidade com a fração ideal da área que aquele espaço tem sobre a área
total do terreno, mas essa regra é flexível porque a própria lei autoriza que seja diferente, desde que a convenção do condomínio estabeleça outra
sistemática de rateio.
Essa
ressalva dá lugar ao CRD, porque, num empreendimento complexo como um Shopping
Center, a simples proporção aritmética da fração ideal de uma área específica (medida em metro quadrado - m2) não é suficiente para atender a todos os aspectos, características e
peculiaridades desse tipo de negócio.
O CRD,
portanto, foi criado para criar uma forma mais adequada (e porque não, mais
justa) de fazer o rateio das despesas comuns de um Shopping Center.
Por isso
que a formação do CRD não considera somente com a metragem da área do espaço a ser locado, mas também incorpora elementos muito relevantes da operação de um Shopping Center
como: a localização no mall, a extensão da vitrine, a atividade comercial
exercida, a importância da operação para o “tenant mix” do empreendimento, e
outros critérios que permitem estabelecer quanto cada espaço a ser locado representa sobre o total do
empreendimento.
Essa é
uma operação matemática, porém, apesar disso, a forma de estabelecer os
critérios e a importância ou peso que cada critério terá para a composição da
quota ou fração de CRD sobre o total das despesas é uma faculdade ou uma
prerrogativa do condomínio, e é por essa razão, e também porque a lei exige que seja assim, que
a Convenção do Condomínio precisa prever essa sistemática do CRD.
Por todas
essas razões, o CRD tem sido usado em larga escala nos Shopping Centers, mas
sua compreensão exige a compreensão de outras questões que decorrem desse tipo
de metodologia, cujas repercussões afetam diretamente a gestão do empreendimento, especialmente pela correlação direta que o rateio das despesas tem sobre os custos a serem
assumidos pelos lojistas e/ou locatários.
Uma
dessas questões é a observação de que muitas vezes, pela importância que
determinada loja tem para o fortalecimento do “tenant mix” do Shopping, é
necessário criar ou estabelecer condições específicas para essas operações, e
neste caso, na prática, pode haver um ajuste sobre as frações
representadas no CRD total, para compor e conciliar determinados benefícios ou
reduções que são oferecidos para essas operações (por exemplo, as âncoras) de
tal forma que todos sejam pelo menos indiretamente beneficiados, e que ninguém seja diretamente penalizado ou sobrecarregado com custos excessivos.
Apesar da
aparente incongruência, não se pode negar que determinadas operações têm uma
importância tão grande, que o esforço coletivo é compensado pelos benefícios,
diretos ou indiretos, proporcionados por essas operações.
Daí que se torna imprescindível compreender de que forma se dá o ajustamento ou a alteração da proporção
do CRD durante o desenvolvimento da operação do Shopping Center, especialmente durante os primeiros anos de de maturação e consolidação do empreendimento.
Em
verdade, o CRD, na forma como tem sido praticado, é um coeficiente fixo e
inalterável, porém, neste caso, o que pode mudar é a própria base de cálculo,
ou, também, a própria totalidade de CRD que represente de forma numérica o
total das despesas.
Em outras
palavras, apesar do CRD ser fixo, a sua proporção sobre o todo pode ser
alterada a medida em que alterar a participação desse CRD sobre o total do
rateio.
Essa compreensão não é simples, porque havendo uma redistribuição dos CRDs específicos sobre o todo, pode ocorrer que o valor dos encargos a serem pagos pelo lojista ou locatário mude para mais ou para menos, tal seja o aumento ou diminuição daquele CRD sobre o total das despesas.
Essa compreensão não é simples, porque havendo uma redistribuição dos CRDs específicos sobre o todo, pode ocorrer que o valor dos encargos a serem pagos pelo lojista ou locatário mude para mais ou para menos, tal seja o aumento ou diminuição daquele CRD sobre o total das despesas.
Também por isto que estas
condições devem ficar bem claras na Convenção do Condomínio e nas
regras gerais do Shopping, incluindo os contratos de locação.
Por fim,
outra questão que emerge da sistemática do CRD é o impacto que a vacância no
Shopping Center tem sobre a composição do rateio das despesas comuns.
Se o CRD é representado por diversos critérios, inclusive a área do espaço a ser locado, havendo um espaço que não esteja ocupado ou em operação, a sua respectiva fração representada pelo CRD, deve ser redistribuída no cálculo original, o que, muitas vezes, faz alterar a proporção que os CRD dos lojistas ou locatários representam sobre o todo, gerando aquele ajustamento que mencionamos acima.
Se o CRD é representado por diversos critérios, inclusive a área do espaço a ser locado, havendo um espaço que não esteja ocupado ou em operação, a sua respectiva fração representada pelo CRD, deve ser redistribuída no cálculo original, o que, muitas vezes, faz alterar a proporção que os CRD dos lojistas ou locatários representam sobre o todo, gerando aquele ajustamento que mencionamos acima.
É
bastante recomendável, portanto, que o CRD seja calculado de forma precisa,
ponderada e segundo critérios tangíveis e mensuráveis, que permitam que o
rateio das despesas seja feito de forma positiva, justa e correta, para que a composição do custo das despesas
comuns não prejudique ninguém, mas, principalmente, para que todos sejam diretamente beneficiados com o menor custo possível no pagamento das despesas comuns e que sejam indiretamente favorecidos pelo fortalecimento e aperfeiçoamento do tenant mix
do Shopping Center.
Outra
recomendação é que o CRD específico de cada lojista ou locatário seja atribuído
expressamente no contrato de locação, ou na falta dele, que seja comunicado
previamente para que a demonstração do rateio das despesas comuns seja possível
de ser verificado e demonstrado por todos os interessados, cuja iniciativa traz mais segurança e controle sobre
os custos e despesas comuns a serem rateados no condomínio tanto para os lojistas ou locatários como também para o Shopping Center.
Portanto,
a sistemática ou metodologia do CRD é uma forma que pode trazer benefícios e
vantagens para todos aqueles que estão sujeitos à sua aplicação, e sua
utilização, bastante comum no mercado de Shopping Center, precisa levar em
conta a necessidade de especificar os critérios de forma clara e adequada, a
importância de estabelecer essa sistemática quando da constituição do
condomínio e da contratação da locação, e, por fim, a fundamental preocupação
sobre gestão dos custos do empreendimento, para que as despesas não sejam um
empecilho ao crescimento das lojas, nem prejudiquem o desenvolvimento Shopping Center,
que pode aumentar sua rentabilidade proveniente do aluguel à medida em que o
custo das despesas esteja bem controlado e bem repartido.
Com mais de 14 anos de experiência no mercado de Shopping Center e Varejo, tendo trabalhado para empresas como Sonae Sierra, Eternit, LGR e Westfield Almeida Junior e contribuído com a gestão de cerca de 25 shoppings no Brasil e de vários importantes varejistas, Michel Cutait é especialista em Shopping Center e Varejo. Formado em Direito pela UNESP, fez Mestrado em Marketing pela Curtin University na Austrália e Mestrado em Relações Sociais pela PUC/SP. Também estudou Doutorado em Economia de Consumo na Universidade de Lisboa em Portugal e MBA em Gestão de Shopping na FGV/SP. Atualmente é Diretor da MAKE IT WORK, empresa especializada no desenvolvimento, elaboração, produção e execução de negócios para o mercado de Shopping Center e Varejo. Além disso é advogado no Brasil e Portugal, escritor, professor, e formado em Mercado de Ações pela BMF&Bovespa.
Com mais de 14 anos de experiência no mercado de Shopping Center e Varejo, tendo trabalhado para empresas como Sonae Sierra, Eternit, LGR e Westfield Almeida Junior e contribuído com a gestão de cerca de 25 shoppings no Brasil e de vários importantes varejistas, Michel Cutait é especialista em Shopping Center e Varejo. Formado em Direito pela UNESP, fez Mestrado em Marketing pela Curtin University na Austrália e Mestrado em Relações Sociais pela PUC/SP. Também estudou Doutorado em Economia de Consumo na Universidade de Lisboa em Portugal e MBA em Gestão de Shopping na FGV/SP. Atualmente é Diretor da MAKE IT WORK, empresa especializada no desenvolvimento, elaboração, produção e execução de negócios para o mercado de Shopping Center e Varejo. Além disso é advogado no Brasil e Portugal, escritor, professor, e formado em Mercado de Ações pela BMF&Bovespa.